quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Acordou mais uma vez no momento que a noite bocejava de sono. Da janela encarava a lua pálida e solitária, tão lunático astro. Acordou mais uma vez ouvindo o sussurrar dos pensamentos e entre o escuro sufocante e a claridade ofuscante, ela se dá conta que há mais. Há o além, o correr das nuvens, o correr do tempo e o correr imóvel daquilo que fica. Há o mundo, o êxtase, o temer, o frio e o calor da chama acesa. Há um par de olhos, olhos embargados e o suspiro terno. Há a sombra, as cinzas do cigarro e a fumaça de quem já foi. Há o sol, as nuvens baixas, as flores e a água que corre nas pedras. Há o soprar dos ventos, a madrugada, o afago e as ondas do mar. Há o vazio, o nada, o tudo e o riso do que não está sozinho. Há a culpa e o perdão, a explosão daquilo que implodiu. E há nós, os outros e tudo aquilo que não sabemos se há, mas desconfiamos.
Eram 03:46 e ela se deu conta que no meio de tudo que há, ela sempre esteve lá.

Nenhum comentário:

Postar um comentário