segunda-feira, 25 de junho de 2018

 Deitada no velho piso de madeira, sentia-se tão sobrecarregada que ao respirar e inspirar, desejava que o oxigênio, ao adentrar na sua matéria, aliviasse aquele cansaço mental que vinha sufocando-a dia após dia. Ao longe, escutava a senhora cigarra gritando constantemente contra a noite, sentira vontade de atirar tudo para fora, as turbulências que vinham acontecendo no seu interior, já haviam corrompido e danificado seus sentimentos existenciais. A única solução seria cantar seu próprio funeral, para que os quatro cantos da vida ouvissem suas lamentações, e que ao explodir, suas partículas e fragmentos ficassem pairando pelo ar, esperando para serem usadas como confete pela solidão.

{Luísa Santos} 

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