quarta-feira, 18 de novembro de 2015

  É grande o tumulto no andar de baixo, e aqui em cima a calmaria toma conta. Combinada com o frio e a chuva lá fora, não tem como não pensar em você. Em dias assim, costumávamos estar juntas, entrelaçadas, nos protegendo do mundo embaixo das cobertas.
  A sensação de segurança e completude nos mantinha ali, em silêncio, como se nada faltasse. Tínhamos tudo, só por estarmos juntas ali, naquele momento.
  Mas em algum momento algo se perdeu. Em meio a tanta correria, deixamos algo passar. E agora estou aqui sozinha observando a chuva, tentando descobrir o que foi.
  Penso que a culpa seja do tempo, ou da falta dele, mais especificamente. Em momentos que mal tinha tempo pra parar um pouco a vida, não havia tempo pra perceber o que acontecia dentro de mim, dentro da minha cabeça e do coração. Tanto é que nem percebi que o sentimento que se formava aqui dentro era tão intenso. É claro que sabia que gostei de você desde o começo, só não parei pra pensar no que isso se tornaria, ou no que significava.
   Claro que não acho que deva atribuir a culpa somente ao tempo, mas também à minha falta de experiência em saber lidar com ele e com esse sentimento que até muito tempo atrás havia se tornado um desconhecido pra mim.
  Mas agora ele está aqui, presente. Eu o percebo presente quando, depois de muitos dias sem te ver, vejo você se aproximando e fico sem saber como agir. Eu o sinto presente quando as borboletas no meu peito tentam sair pela boca. Ele está presente quando um abraço só não é o suficiente pra acalmar a vontade de te prender e não soltar mais. Eu o percebo presente quando deitar do teu lado na grama faz com que eu esqueça que existe um mundo lá fora. Eu tenho certeza de que o sentimento existe quando penso em você e meu coração bate tão forte que suas batidas abafam qualquer som externo.
  Me desanimo ao pensar que talvez tenha percebido esse sentimento tarde demais. E temo não saber expressá-lo da forma correta, ou de que não tenha tempo para o fazer. Temos menos de um mês aqui, pra depois irmos cada uma para seu lado.
  Isso me faz lembrar o que você disse na última vez que conversamos: "Tô ficando bastante tempo fora da cidade. Acho que é meio que pra ir acostumando, já que ano que vem não volto pra cá." Caramba! Foi um golpe duro! Não tinha pensado nisso ainda e ouvir de você foi mais real ainda. 
  E novamente estou tentando correr contra o tempo, como sempre acontece. Só que dessa vez é diferente. Sinto que tem muito mais "em jogo". Tenho muito mais pelo que lutar. O tempo não é o único empecilho e temo não ser tão forte, mas preciso tentar, porque sinto e sei que vale a pena.

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