sábado, 17 de maio de 2014

Freud usava cocaína, você diz. Um tremendo dum bastardo, eu concordo. Talvez, haja mais amor do que o previsto circulando no meu peito. É por isso que uso palavras grandes e xingo baixo, querendo depositar a culpa da minha condenação em qualquer desconhecido. Talvez, haja mais do que uma serenidade insustentável dentro da tua cabeça. É por isso que as enxaquecas não passam nem mesmo quando você abandona a sala e as luzes e fecha os olhos no escuro da noite, no interior de São Paulo. O mundo, hoje, partido em duas cidades. Em Maceió não chove. Você maldiz a chuva. Eu ouço canções que me quebram em três histórias. Tudo grandioso, sweet, tudo despedaçado em mosaicos e eu só tenho duas mãos. Contigo, quatro. A eternidade é o tempo partido. Eu sonhei que as pessoas enxergavam o céu muito depois do espaço negro e dos farelos de estrelas, muito depois do azul sereno e daquelas nuvens cujo único destino é se desfazerem em rastro, pó e ausência. Sabe que nada permanece porque nada nos pertence, nada além de nós? Nós, esses seres solitários, da fecundação ao cemitério. Guimarães Rosa: Solidão é a gente demais. Eu li que o maior pecado da humanidade é calar-se, tendo em vista que todo homem e mulher nasceu com o grito já na goela. Quando as discussões terminam nesses olhares de I don’t care tudo não passa de tédio e mentira, blasfêmia, cansaço. Eu me importo muito com muita coisa, mas se importar parece ser apenas um jeito manso de se deixar doer. É parte da vida doer em segredo. É parte da vida doar um pouco da alma a quem tem fome. E nós aqui, roendo os ossos. E nós aqui lambendo os dedos.
Freud morreu de quê?
{Claudia}

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