terça-feira, 1 de abril de 2014

Eu passo pelas ruas asfaltadas, as pessoas saem dos seus trabalhos, mas eu não as vejo, pelo menos, não como elas me veem. Estou imerso em um mundo único e meu, onde cada faixa minúscula de um raio solar é poesia, fecho os olhos e a luz esvazia minha mente. A música que ouço toca notas de um piano que parece desabrochar novas flores por onde os raios me atingem, e todos que vejo estão correndo. Será que eles não veem o que está acontecendo no céu ? Ele morre, e ainda nos deixa a beleza de sua morte. Olhem-o agora. Ele chora, cada fração de luz é sua lágrima, pois ele não é como as nuvens que derramam água ao sentirem-se tristes, ele nos incedeia com o que está restando da alegria dele, nos presenteia com o pouco restante da paixão por nos ver todas os dias. Ele está vivo, e morrendo. A luz acaba quase por completo agora, mas permaneço com os olhos fechados até sentir a energia acabar, não quero vê-lo morrer de novo, não hoje quando a força dada a mim por ele foi tão intensa. Estou caminhando em um cemitério, vendo as lápides e os epitáfios, é triste saber que um dia me resumirei a isso, mas sinto-me livre, por que o sol abriu espaço entre as nuvens para me dar um último adeus, e assim, ele se foi. Agora, sou também uma nuvem, as lágrimas denunciam meu espírito, e elas se juntam a mim.


{Pablo Hardman}

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