Eu passo pelas ruas asfaltadas, as pessoas saem dos seus trabalhos, mas eu não as vejo, pelo menos, não como elas me veem. Estou imerso em um mundo único e meu, onde cada faixa minúscula de um raio solar é poesia, fecho os olhos e a luz esvazia minha mente. A música que ouço toca notas de um piano que parece desabrochar novas flores por onde os raios me atingem, e todos que vejo estão correndo. Será que eles não veem o que está acontecendo no céu ? Ele morre, e ainda nos deixa a beleza de sua morte. Olhem-o agora. Ele chora, cada fração de luz é sua lágrima, pois ele não é como as nuvens que derramam água ao sentirem-se tristes, ele nos incedeia com o que está restando da alegria dele, nos presenteia com o pouco restante da paixão por nos ver todas os dias. Ele está vivo, e morrendo. A luz acaba quase por completo agora, mas permaneço com os olhos fechados até sentir a energia acabar, não quero vê-lo morrer de novo, não hoje quando a força dada a mim por ele foi tão intensa. Estou caminhando em um cemitério, vendo as lápides e os epitáfios, é triste saber que um dia me resumirei a isso, mas sinto-me livre, por que o sol abriu espaço entre as nuvens para me dar um último adeus, e assim, ele se foi. Agora, sou também uma nuvem, as lágrimas denunciam meu espírito, e elas se juntam a mim.
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