domingo, 6 de setembro de 2015

"Pouco pode se esperar do dia, se a isto se pode chamar de dia, para o qual não fomos acordados por nosso Espírito, e sim pelas cutucadas mecânicas de um criado, para o qual não fomos acordados por nossas próprias forças recém-adquiridas e aspirações íntimas, acompanhadas de ondulações de música celestial em vez de sirenas de fábricas, e de uma fragrância a encher o ar - para uma vida superior àquela em que caímos adormecidos; e assim a escuridão produz seu fruto e se mostra não menos importante que a luz." pg 93.

" Quer se trate de vida ou de morte, almejamos somente a realidade. Se realmente estamos morrendo, ouçamos o estertor em nossas gargantas e sintamos o frio nas extremidades; se estamos vivos, vamos tratar da vida.
   O tempo é apenas o rio em que vou pescando. Bebo nele, mas ao beber vejo-lhe o leito de areia e percebo quão raso é. A fina corrente logo se esvai, mas a eternidade permanece. Gostaria de beber mais fundo e de pescar no céu, em cujo leito os seixos são estrelas. Não consigo contá-las. Ignoro a primeira letra do alfabeto. Tenho lamentado sempre não ser tão sábio como no dia em que nasci. A inteligência é um cutelo que penetra e corta caminho adentro o segredo das coisas. Não desejo ocupar minhas mãos mais do que o necessário. Minha cabeça é mãos e pés. Sinto que minhas melhores faculdades aí se concentram. O instinto me diz que a cabeça é um órgão para escavação, feito o focinho e as patas de certos bichos, e com a qual gostaria de explorar e cavar meu caminho através desses morros." pg 101.

"Vós que governais os assuntos públicos, que necessidades tendes de aplicar castigos? Amai a virtude, e o povo será virtuoso. As virtudes de um homem superior são como o vento; as do homem comum como o capim; o capim se dobra quando o vento passa sobre ele." pg.172

"[...] percebi, e continuo percebendo em mim, um instinto voltado para as coisas elevadas ou, como se diz, para a vida espiritual, e outro voltado para uma categoria primitiva e para a vida selvagem. Reverencio ambos, pois amo igualmente o bem e a vida natural." pg 206

"Por que você continua aqui a viver esta mesquinha vida de labuta, quando lhe é possível uma existência gloriosa? Aquelas mesmas estrelas brilham sobre outros campos.- Mas como sair desta condição e emigrar de fato para lá? Tudo que pôde pensar foi em praticar alguma nova austeridade, deixar que seu espírito baixasse ao corpo para redimi-lo, e tratar-se com respeito cada vez maior." pg 217


- Citações retiradas do livro Walden ou a vida nos bosques, de Henry David Thoreau.


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