quarta-feira, 7 de maio de 2014

E novamente estava ali, sentada no mesmo assento no canto do bar, com seu livro aberto e a cabeça nas nuvens. Estava tão envolvida com a história que nem percebia os minutos passando.
Quando levantou os olhos do livro, tomou um longo gole de seu café, e observou pela janela as pessoas que por ali passavam, refletindo. "Por que as pessoas têm tanta pressa? Por que se esforçam tanto pra seguir o padrão que a sociedade impõe a si própria? Por que esquecem-se do mais importante, como sentir o vento frio de uma manhã que nasce, ou da beleza do sol quando se põe? Por que esquecem-se de viver?" Sentia vontade de gritar, tentar acordar as pessoas desse desligamento em que caíram. Mas sabia que gritar não bastaria, então como sempre, tomou mais um gole do café e voltou-se para o livro.

Era sempre assim. Quando cansava das pessoas, abria um livro e a ele dedicava todo seu pensamento. E isso acontecia com cada vez mais frequência. O mundo lhe desanimava, as pessoas lhe davam náuseas, e tudo lhe causava sufoco e repulsa.
Quando sentia-se infeliz ou desanimada, observava um pôr-do-sol, tomava banho de rio, deitava abaixo de um céu estrelado,  e logo sentia-se bem, pois lembrava-se da beleza do Universo, e dos seres  lindos que nele ainda habitam. Sabia que era covarde por esconder-se atrás dos livros e da natureza, mas sabia também que não era forte o bastante pra lutar pra ajudar pessoas que não queriam ser ajudadas.

De repente, percebeu que as horas haviam passado. Fechou o livro, tomou o resto de café frio da sua xícara, respirou fundo e saiu dali.
No fim, ela sabia que, apesar de fugir por algumas horas, ela estava introduzida neste alienamento babaca, e por mais aborrecimento que lhe causasse, não via como tudo poderia ser diferente.


{Vanessa Cristina Martins}


Um comentário:

  1. Provavelmente não há mesmo como tudo ser diferente. E isso dá uma tristeza tão grande. E pior, isso dá um cansaço, que no fim nos torna velhas estressadas antes do tempo.

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