quinta-feira, 24 de abril de 2014

Me canta 
um canto leve, menino,
e me encanta.
faz de mim solo
coloque-me no colo,
e suponha ao céu,
ao sol:
da melopeia, do silêncio,
do caso mais afinado.
pois tu és meu agudo mais alto,
meu grave guardado,
minha voz rouca de amor.
me faz partitura.
e me faz ser parte tua.
me compoe e me anota.
e em cada nota tua
dó, ré, m[e]i, fá[z] só tua.
e nas notas do meu íntimo
sê tu bemol,
desça meu tom e meu batom,
e em minhas curvas sinfônicas
faz arrepio bem moldado 
com tua autoria.
porque o teu olhar
tem nota em sustenido:
e em um tom mais alto, ao mundo, eu grito:
ele em mim,
é sinfonia em meio ao silêncio.
e por fim, meu amor,
diga aos maestros, aos poetas, 
aos leitores, aos ouvintes de plantão
que a dor e o fim
não faz parte 
das cifras da nossa canção.

{Voraz}

Nenhum comentário:

Postar um comentário