Recomeço :)

Ela era dessas que detestava a tal expressão "era dessas..", que também tinha mania de querer ter os pés firmes no chão, nada de voos muito altos, nada de sonhos inalcançáveis. Ah, mas quando essa menina decidia voar, ela sabia ir longe, ir alto, tão alto que por vezes quase não via o chão. Mas esqueceram de avisá-la que ela não tinha asas, apenas imaginação, quando se dava conta caia. Ela até gostava da sensação da queda, o vento no rosto, as borboletas no estômago e tudo mais, mas decidiu que não valia a pena (apesar de gostar das borboletas). Logo entendeu que devia buscar o que estava ao alcance de suas mãos, talvez alguns flocos de nuvens, quem sabe um pedaço do céu, talvez uma ou duas estrelas. Ora, não era isso a felicidade? E sabe o melhor de tudo? Até mesmo as estrelas estavam logo ali, nem precisava tirar o pé do chão, vejam que ironia (e as borboletas não sumiram, até parecem ter multiplicado). Tinha uma mania tola de buscar a felicidade quando já tinha, de querer voar quando poderia simplesmente andar por aí entre risos e risadas, entre sonhos e realidades. Quando finalmente descobriu tal segredo andou por aí com um sorriso bobo que não se apaga, com um brilho nos olhos que parece roubado de alguma estrela. Anda por aí ouvindo pássaros cantarem, dando suspiros, rindo sem querer. Anda por aí sendo feliz, levando a vida leve, sonhando realidades. Anda por aí, sem pressa, um passo após o outro. Um sorriso, um suspiro e nada mais.

{Sobre felicidade- Leontyna Santos}