quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Eu sou um furacão de palavras embaralhadas, um conjunto de frases vomitadas, um misto do infinito do céu e da profundidade do oceano. O que eu sou? Ou quem sou eu? Hora calmaria, hora ventania. Sou inconstante, agora eu quero, depois eu já não sei. Um repertório completo, jass, samba, rock e bossa nova. Não sei o que sou, nem o que quero ser. Sou isso. Um rascunho meio rasgado de tanto ser apagado, uma folha amassada, uma história confusa, comprida, cheia de entrelinhas. Sou o que eu queria ter dito, mas não disse. Sou aquele texto deixado pela metade porque não valia a pena terminar. Sou o que tenho, e tenho só um coração partido, que anda cambaleando, tropeçando em si mesmo. O encontro da chuva e do sol: arco íris. Sou um livro abandonado, esquecido, largado. Sou a mistura do bom e do ruim. Sou ventania, tsunami de sentimentos, terremoto. Uma rosa fantasiada de cacto. Sou um deserto longo, cansativo, angustiante, que tem no fim um oásis cheio de água boa e redes pra descansar, mas que só conhece quem não desiste na metade do caminho. Sou aquilo e aquilo outro e o demais também. Sou o que quero, quando quero. Um romance de verão, um best seller americano, sou também drama, dramaturgia criminal, suspense, e por vezes terror. Sou uma confusão de virgulas, um arrastão de exclamação, uma tempestade de reticencia. Sou o ego, a alma e o peito. A razão e a emoção. O tudo e o nada, mas mais o tudo que o nada. Eu sou isso: um texto garranchado sobre alguém que é, mas não sabe o que.

{Gabriel Freitas}


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