O quarto está imerso na obscuridade; a sua alma está vazia e
triste; todo um reino de quimeras se desmoronou em seu redor, se desmoronou sem
deixar rasto, sem ruído nem tumulto, passando como um sonho, e ele nem sequer
se recordou de ter acalentado essas quimeras. Porém, uma espécie de obscura
sensação, que magoou levemente o seu peito, uma espécie de novo desejo seduz,
estimula e irrita a sua imaginação e suscita furtivamente um exército de novos
fantasmas. No exíguo quarto reina o silêncio; a solidão e a ociosidade
acariciam-lhe a imaginação e ela lentamente vai se inflamando e, lentamente,
atinge o estado de ebulição.
{Dostoievski}
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