sábado, 25 de maio de 2013


Tudo vive, mesmo que não exista nada vivo a viver, vive. Os mortos vivem e eu vivo, morro, pra que ainda morto, vivo. Questionar qualquer persona com a absurda dúvida sobre a presença ou ausência de vida é morrer em si, enriquecendo a percepção de falta da vida alheia na sua própria vida. Ele vive, eu vivo, cada qual na sua ganância de mais um dia, mais um minuto na cama, um último suspiro ou palavra pra ser dita. A palavra vive, mas só depois de morta, porque quando viva, em pensamento, nasce abortada no entrecorte que abafa e sufoca a vida, esmaga a palavra, mastiga e digere pra que depois de morta e cuspida ela viva. Portanto, vivo, ainda que eu não tenha sido palavras, que eu seja silêncio, abandono e quatro cômodos vazios, vivo. Morto, vivo.



Frederico Brison.

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