“Como
é engraçado!… Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço. Uma fita
dando voltas? Se enrosca, mas não se embola. Vira, revira, circula e
pronto: está dado o laço. É assim que é o abraço: coração com coração,
tudo isso cercado de braço. É assim que é o laço: um abraço no presente,
no cabelo, no vestido, em qualquer lugar onde o faço. E quando puxo uma
ponta, o que é que acontece? Vai escorregando devagarzinho, desmancha,
desfaz o abraço. Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido. E,
na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço. Ah! Então, é assim o
amor, a amizade. Tudo que é sentimento? Como um pedaço de fita? Enrosca,
segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora, deixando
livre as duas bandas do laço. Por isso é que se diz: laço afetivo, laço
de amizade. E quando alguém briga, então se diz - romperam-se os laços. E
saem as duas partes, igual aos pedaços de fita, sem perder nenhum
pedaço. Então o amor é isso… Não prende, não escraviza, não aperta, não
sufoca. Porque, quando vira nó, já deixou de ser um laço.”
— Mário Quintana
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