quarta-feira, 14 de março de 2012

A menina que roubava livros'

 Toda minha vida tive medo de homens velando sobre mim.
 Suponho que o primeiro homem a velar por mim tenha sido meu pai, mas ele sumiu antes que eu pudesse recordá-lo.
Por alguma razão, quando eu era menino, gostava de brigar. 
Grande parte das vezes eu perdia.
Outro menino, às vezes com sangue pingando do nariz, erguia-se acima de mim.
Muitos anos depois, precisei me esconder.
 Procurava não dormir, porque tinha medo de quem estaria lá quando eu acordasse.
Mas tive sorte, era sempre meu amigo.
Quando estava escondido, eu sonhava com um certo homem. O mais difícil foi quando viajei para  ir ao encontro dele.
Por pura sorte, e depois de muitas passadas, consegui.
Fiquei dormindo lá por três dias, disseram- me...
E o que encontrei ao acordar? Não um homem, mas outra pessoa a me vigiar.
Com o passar do tempo, a menina e eu descobrimos que tínhamos coisas em comum.
Mas há uma coisa estranha. A menina diz que eu pareço outra coisa.
Agora moro num porão. Os sonhos ruins ainda vivem no meu sono.
Uma noite, após meu pesadelo habitual, uma sombra ergueu-se sobre mim. Ela disse: 
- Conte-me o que você sonha-. E eu contei.
Em troca, ela me explicou de que eram feitos seus próprios sonhos.
Agora, acho que somos amigos, essa menina e eu.
Em seu aniversário, foi ela quem deu um presente- a mim.
Isso me fez compreender que o melhor vigiador que eu conheci não é um homem...


[Max Vandenburg- A Menina Que Roubava Livros]

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