Hoje parei muito para pensar sobre as coisas que tenho na minha vida nesse momento. Acho que passei muitos dos últimos dias (ou meses?) só pensando nas coisas ruins que eu gostaria de mudar. Isso formou uma ~nuvem que não chove~ sobre a minha cabeça, escondendo de mim mesma o brilho do sol. E eu tenho muitos sóis na minha vida. Sóis que admiro e me iluminam com sua existência. O mundo não vai bem, os dias não são fáceis, mas poder estar vivendo esses dias com essas estrelas luminosas me transborda o sentimento de honra. Ancorados no amor mais puro e verdadeiro. E por isso sou grata por viver cada dia.
Tudo Distante
Tudo está distante, meus momentos são sempre iguais. Tão distantes, sempre distantes...Eu continuo usando as mesmas palavras...
quarta-feira, 24 de maio de 2023
segunda-feira, 10 de maio de 2021
Mesmo que só passou por aqui, no coração tu me cabe bem. Mas não cabe mais na cabeça, não nos pensamentos. É preciso silenciar. A incansável espera da tua chegada só é bonita em um poema. Na vida real, manter o olhar na esquina esperando você chegar é desgastante, inquietante. A depender de como a lua está agindo sobre mim, eu até fico feliz imaginando o momento em que você vai passar pela porta. É excitante. Mas em segundos eu lembro que isso só está na minha cabeça. Você só está na minha cabeça. Mas não cabe mais. Eu quero só te guardar no coração. Onde tu me cabe. Aqui dentro, bem quentinho. Pra quando (se) tu chegar, eu te receber com a cabeça leve e livre de só te imaginar. O que eu quero é (te) sentir.
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021
por que a gente tende a evitar o que ainda não conhece? por que quando o escondido mostra o rosto, a gente desvia o olhar? finge que não é com a gente, e foge até aguentar? a sombra de tudo o que não se conhece, assombra o sentido de segurança em nós. congela, desarma e nos põe em estado de choque. é xeque-mate. embate, dentro. ando beirando o desconhecido estranho das entranhas de mim. vivo encarando o escuro no escuro do não saber. e uma coisa, posso dizer. o que você não conhece, tem algo a te oferecer. o que você evita, ainda vai te surpreender. e o que te sufoca de medo, tem um novo você, pra você.
- Tati Rossi
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021
o inalcançável
aceito a tua ausência.
Não estar em nada
além de em meus poemas.
Eu também apenas estou
quando aqui escrevo
e nem então.
Nesse encontro de ausências
contemplando a completude de vazios
te bebo só pra fazer-te parte
de algo além desse emaranhado de nadas.
Somando as faltas e ausências
obtenho o saldo positivo
de um ou outro poema
meia-boca
inteiro coração.
Falava sobre como dói essa saudade e essa distância
Também outro dia desses me peguei
Lembrando você dizer que a saudade é linda
Ela só dói porque é uma coisa boa, você falou
E foi aí que eu senti e percebi
Até mesmo a saudade é luz
Dentre tantas lembranças
Ela me faz pensar em você
E pensar em você é sentir essa imensidão de amor
É sentir essa conexão, meu bem, que eu não canso de dizer que é de alma
Te pensar e sentir parte de mim
É me sentir inteiramente eu inteira
Te amo daqui, te amo forte e te amo sempre.
Não tentar concluir. Só isso é importante. Seguir implacável numa construção onde tudo o que está vivo e pulsa é gestado pela incerteza - o que se gera aí é de valor inestimável. Conduzir-se para dentro da vida. Habitar o corpo e dar a si mesma, a cada instante, o lugar que lhe corresponde. Concentrar-se, ter paciência para aprender o amor profundo com o tempo. Não colocar finalidade no movimento mas perguntar-se sobre o caminho do movimento. Sobretudo confiar, pois tudo forma uma rotação luminosa.
- Laura Berbet
domingo, 1 de novembro de 2020
Porque tinha sal em minhas pestanas, porque existe um salmão dourado onde o amor sempre dança, porque a ideia de ir até o mar de metrô era a oração que nos fazia ficar acordados até de manhã, porque há um osso se estilhaçando constantemente dentro das paredes mestras e nós já sabíamos isso, porque a paixão não é de todo a coisa mais importante mas é sim o canudinho através do qual dá para ver que o mundo é muito feito de construções de papel - celulose que vem da árvore e que depois se transforma em lista telefônica de onde alguém arranca a página e logo transforma em veleiros e montanhas. Talvez porque na porta do restaurante habitual alguém toca clarinete ao sol, porque até as ruínas podemos amar nesta cidade, porque eu tenho um olho em você e você tem um dedo em mim, porque para chegar no telhado do aqueduto é preciso percorrer a estreita escadaria de pedra e é impossível não esfregar as costas nas paredes úmidas. Porque atingir o ponto de rebuçado significa simplesmente abandonar todas as coisas e dedicar-se só à concentração, mesmo que todas as coisas sejam um olho preto e um olho castanho e sua dissociação seja a possível causa para a avalanche. Porque a palavra Bushboy não existia até aqui mas agora sim, porque fazer equilibrismo sobre a corda amarela dentro do apartamento é tudo o que já imaginávamos que ia ser, mesmo antes de acontecer. Porque no interior do pulmão do cervo tem a carne que brilha, brilha tanto como o sol que se espelha na ponta da seta. Porque acreditamos, você e eu, que a razão final é que a erva cresça muito acima de nossas cabeças.
- Matilde Campilho.
quinta-feira, 29 de outubro de 2020
O dorso da baleia solitária
com o outro osso que eu não sei o nome e que fica no extremo do calcanhar esquerdo.